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Os carros voltam a colar-se à estrada, não apenas para correr o mundo enquanto aquecem asfalto e queimam borracha, mas também para o salvar. É que os carros, no seu dia-a-dia preenchido, para além de verem televisão, frequentarem bares ou gozarem de férias, têm ainda tempo para pertencer a um grupo de espionagem. Com uma vida tão atarefada, a provável hora e meia de filme não seria suficiente para mostrar toda a loucura das corridas… e é assim que surge o videojogo de Carros 2. Por isso e porque se diz ser rentável lançar jogos de filmes. 

Vai buscar ao filme certos elementos dos quais tira partido para a fundação de uma base relativamente bem sustentada, mas mesmo assim acaba por saber a pouco. E o pouco a que sabe tende a saber sempre ao mesmo. Carros 2 baseia-se na premissa apresentada pelo filme e serve-se disso para criar toda a base do jogo, através de corridas ao longo de diversas localidades do planeta e missões com elementos mais furtivos que dizem respeito à espionagem. 

Na prática aquilo que poderão encontrar são carros estereotipados e pistas de locais conhecidos de todo o mundo alterados à boa maneira do universo Carros. É, por isso, uma boa oportunidade para estender a experiência cinematográfica, revendo mais detalhadamente certas pistas ou ouvindo aquilo que os diversos carros têm para dizer, já que estes são bastante animados e têm uma série de falas diferentes durante as corridas. 

Por outro lado, vai buscar à ideia da espionagem outro dos argumentos sob o qual se baseia: a destruição. Esperem por isso corridas do estilo popularizado por Mario Kart, com Power-Ups espalhados pelo cenário, mas com uma dose de SpyHunter pelo meio. Os carros ganham lança-misseis e metralhadoras, mas também armadilhas e turbos. 

Mas, se por um lado a personalização dos carros e ambientes até é boa; por outro, a nível técnico, tem muitos motivos que deixam a desejar. Os cenários são, pelo menos nesta versão Wii, muito pobres em efeitos e falham em oferecer qualquer tipo de vivacidade. São pistas, nas quais existem até certos elementos de interatividade, mas que parecem altamente vazias ainda assim. 

Talvez porque até mesmo as corridas são pouco animadas. Como já disse, os diálogos dos vários carros oferecem alguma animação mas, de resto, até mesmo nos eventos com Power-Ups a monotonia predomina. O sistema de controlos baseia-se essencialmente na possibilidade de ganhar vários níveis de turbo para um extra na velocidade. Tudo o que fazem é a pensar nisso: as derrapagens, os saltos e as acrobacias. Tarefa inglória, quando a sensação de velocidade neste jogo é tão parcamente conseguida. 

Para não falar do sistema de controlos que nesta versão Wii é também muito mal aplicado. Combinações de botões estranhas que dão direito a ações despropositadas no meio da corrida. Dei por mim a colocar inúmeras vezes o carro a andar com duas rodas, porque a forma de o fazer é pressionar duas vezes para cima – pouco conveniente. Saltar é outra dor de cabeça, pois utiliza o controlo de movimento para o fazer, confundido esse comando com a opção de dar um encosto. 

Embora apresente, inicialmente, uma sequência animada que introduz um modo campanha, deve dizer-se que tal indicação é mera utopia. O jogo não apresenta uma história com um enredo e suas típicas aventuras, preferindo antes uma estrutura baseada somente numa série de eventos a percorrer. E é livre de o fazer. O problema é que sabe a pouco. Aquilo que poderão encontrar será um total de 6 secções mais um tutorial, cada uma das quais com uma série de corridas para cumprir. 

Essas corridas levam o jogador a percorrer as diversas pistas aqui apresentadas, variando entre alguns modos de jogo que envolvem corridas, destruição em arenas ou corridas com o objetivo de destruir outros carros e alcançar uma maior pontuação. Os primeiros 3 lugares dão direito a uma medalha, consoante a qual irão obter pontos de espião. Esses pontos serão somados de forma a subir de patente e desbloquear assim novas secções. 

Mas por muito bem que isto soe, na realidade sabe a pouco. As corridas do modo campanha podem ser acabadas numa tarde, sem que para tal haja grande dificuldade. Sobra depois a possibilidade de jogar por jogar nas diversas pistas e modos de jogo. Se tiverem amigos com quem jogar, valerá certamente a pena já que este é o tipo de corridas que em grupo dão direito a risada. Caso contrário este jogo ganhará rapidamente um lugar na estante, pois também não tem qualquer modo Online, o que seria muito bem-vindo tendo em conta a estrutura aqui apresentada. A única coisa que faz nesse sentido é remeter o jogador para o jogo de Browser The World of Cars, como forma de ganhar alguns pontos de espião extra. 

Ao completar certos eventos o jogador terá até direito a alguns desbloqueáveis, tais como carros, pistas e modos de jogo. Muitos deles conteúdos que em condições normais até viriam desbloqueados desde o começo. No entanto tudo isso será muito daquilo a que este jogo está condenado – desbloquear conteúdos mínimos em troca de um prazer mínimo, algo que só agradará aos fãs mais desesperados. 

Para os padrões de jogos baseados em filmes, Carros 2 é até um produto aceitável. Tem na transição de pormenores do filme para jogo o seu melhor trunfo, recreando carros e pistas de forma única e original. Mas, na prática, nunca chega a passar a mediocridade em qualquer um desses aspetos. Para fãs que procuram estender a experiência a outros níveis, poderá até valer a pena mas, de outra forma, existem por aí melhores jogos para este efeito.

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